André Ruschi (1955-2016) nasceu na mesma cidade que seu pai no dia 24 de agosto de 1955. Assim como seu pai, teve em sua trajetória a marca de advogar pelo patrimônio natural. Na qualidade de ambientalista, teve formação paralela em ecologia de beija-flores e ecologia florestal. Foi membro dos Conselhos de Meio Ambiente do Estado do Espírito Santo e do Município de Vitória (ES), criando condicionantes para liberação de Licenças Ambientais de grandes projetos e colaborando com estudos epidemiológicos, monitoramento de emissões de resíduos e monitoramento de microbacias. Atuou como Conselheiro no Conselho Estadual de Meio Ambiente e de Saúde, foi autor do Projeto de criação da Unidade de Conservação Marinha de Santa Cruz (ES). Foi um dos autores do capítulo da Constituição Cidadã de 1988: O Capítulo VI, de Meio Ambiente art. 225.
Historicamente André Ruschi (1956-2016) prestou assessoria ao Ministério Público em Ação Cível sobre impactos de monoculturas florestais entre 1993 a 1999, destacadamente do eucalipto e sua relação com a estiagem. Ainda em 1996, participou da coordenação técnica da Comissão Parlamentar de Inquérito da Poluição na Assembleia Legislativa do Estado do Espírito Santo.
Defensor das políticas públicas em favor do meio ambiente de modo que em 1999 apresentou o Projeto de criação das Unidades de Conservação Marinhas de Aracruz (ES): “APA Costa das Algas e RVS de Santa Cruz (ES)”. Sendo aprovado por Decreto Presidencial em 18 de junho de 2010 (BRASIL, 2010, DOU n. 115, seção 1, p. 03-04).
Desenvolveu, entre 1999 e 2000, através de uma parceria entre a EBMAR e a escola Espaço Dinâmico, uma pesquisa sobre os efeitos da poluição do ar na grande Vitória com o título: “Percepção e Consciência da Poluição Atmosférica, seus Efeitos e sua Prevenção na Região da Grande Vitória-ES (2000 d. c.)”. Essa pesquisa e sua metodologia foram apresentadas para todos os Conselhos Municipais de Saúde do Espírito Santo e foi criada uma Comissão Temática no Conselho Estadual de Saúde para investigar os índices de reclamações dos sintomas alergo-respiratórios da população de Vitória. Ainda no ano de 2000 o convênio entre essas duas instituições recebeu em 2º Lugar do Prêmio “Tião Sá” de Educação Ambiental da Prefeitura Municipal de Vitória.
Em 2001 prestou assessoria para elaborar o “Quadro de Risco Ambiental de Vila Velha”, envolvendo alunos de escolas particulares e escolas públicas municipais de Vila Velha (ES), realizando cerca de 10.000 (dez mil) entrevistas. Participou de uma Audiência Pública realizada na Assembleia Legislativa do Espírito Santo, pela CPI do Meio Ambiente, apresentando o resultado da Pesquisa “Boca de Urna da Poluição”. Passou a realizar a partir de 2004 uma série de estudos sobre terremotos e vulcões na costa do Espírito Santo e a cordilheira Vitória-Trindade.
Além de pesquisador no campo da biologia também atuou anonimamente na literatura chegando a escrever contos e poemas, os quais permanecem como manuscritos inéditos sem descrição. Soma-se a isso o fato de que foi estudioso de astronomia, especialista em psicoterapia e estabeleceu presença na área fitoterápica. De 2000 a 2002, atuou em participações nas plenárias Nacionais de Saúde, apresentando propostas de inclusão no Sistema Único de Saúde (SUS) de terapias alternativas como a fitoterapia, homeopatia, massoterapia e acupuntura. Apresentou, em 2002, proposta para Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador na Plenária Nacional dos Conselhos de Saúde e em 2003 participou da criação e desenvolvimento da Comissão de Meio Ambiente no Conselho Estadual de Saúde do Espírito Santo.
Em relação ao caso Samarco e a responsabilidade ambiental, em entrevista à Agência Brasil André Ruschi (1956-2016) afirmou que:
Toda a vida no rio está sendo eliminada praticamente em 100%. As espécies endêmicas desse rio estão extintas a partir de hoje [...] São alguns quilos de cada tipo de metal pesado e, com os anos, isso vai se acumulando na cadeia alimentar, pois não é eliminável pelo organismo. O pH desse material é como se fosse uma soda cáustica. Se você cair dentro dessa lama, se queima[...] Esses dejetos do Rio Doce serão sugados por uma corrente giratória, que é o criadouro marinho, exatamente onde os peixes grandes como baleias, tubarões, arraias e tartarugas se reproduzem[...].
Em entrevista à BBC André Ruschi reafirmou os danos causados ao Rio Doce:
In an interview with the BBC, Andres Ruchi, director of the Marine Biology school in Santa Cruz in Espírito Santo state, said that mud could have a devastating impact on marine life when it reaches the sea. He said the area of sea near the mouth of the Rio Doce is a feeding ground and a breeding location for many species of marine life including the threatened leatherback turtle, dolphins and whales. “The flow of nutrients in the whole food chain in a third of the south-eastern region of Brazil and half of the Southern Atlantic will be compromised for a minimum of a 100 years,” he said. (BBC, 2015).
Durante sua trajetória, recebeu diversas homenagens públicas, destacadamente da Assembleia Legislativa do Espírito Santo por serviços prestados à comunidade de Santa Tereza e ao Estado do Espírito Santo em questões de política ambiental e saúde.
Faleceu em 04 de abril de 2016, na cidade de Serra, Espírito Santo. Atendendo a um desejo seu, suas cinzas foram espalhadas no mar que banha a EBMAR e que faz parte das Unidades de Conservação: Área de Proteção Ambiental Costa das Algas e Refugio da Vida Silvestre de Santa Cruz.